Quanto menos enxergo os pés, mais me torno leve.
Quanto muito céu flutuo, pouco chão me segue.
Das pedras livro o peso de ser solidão.
Do ar, abraço até lhe faltar.
Bebedouro de chá, sirva-me com seu calor. Aqueça-me por dentro.
Se hoje sou penumbra, amanhã serei claridão.
Pela luz que de dia me faltou, a lua, que de noite, nunca me abandonou.
Sobra ausência em seu olhar. Falta fôlego pra te chamar.
Quanto mais sou ser, menos pessoa sou humano.
Quem muito se maltrata, quente pouco fica a casa.
Da dor da distância, a certeza que ao fundo, em teu colo posso deitar.
Se reparas minha saudade, sempre hei de lhe abraçar.
Se esconde o teu pulsar, sabes o que sentes.
Com a mão no peito choro, que por hora se afastar.
Sou eu, sou ti, suspiro de inquietude.
Da natureza me revigoro, do seu amor, apenas choro.